« Home | ...Momento de Humor 4 ... » | ...Arte... » | ...Dúvida existencial...1 » | ...Momento de Humor ... 3 » | Pensamento do Dia... » | El Barbas - Entrevistado... » | Recomendação de Leitura... » | A não oposição da oposição que não toma posição... » | Momento de Humor ... 3 » | Ser político??? é um sacrifício??? » 

quarta-feira, janeiro 25, 2006 

...Dívida de gratidão...

Naqueles longínquos anos 80 o Prof. Aníbal Cavaco Silva era docente na
Universidade Nova de Lisboa.

Mas o prestígio académico e político que entretanto granjeara (recorde-se
que havia já sido ministro das Finanças do 1º Governo da A.D.) cedo levaram
a que
fosse igualmente convidado para dar aulas na Universidade Católica.

Ora, embora esta acumulação de funções muito certamente nunca lhe tivesse
suscitado dúvidas ou sequer provocado quaisquer enganos, o que é facto é
que,
pelos vistos, ela se revelou excessivamente onerosa para o Prof.Cavaco
Silva.

Como é natural, as faltas às aulas - obviamente às aulas da Universidade
Nova começaram a suceder-se a um ritmo cada vez mais intolerável para os
órgãos directivos da Universidade.

A tal ponto que não restou outra alternativa ao Reitor da Universidade Nova,
na ocasião o Prof. Alfredo de Sousa, que não instaurar ao Prof. Aníbal
Cavaco Silva um processo disciplinar conducente ao seu despedimento por
acumulação de faltas injustificadas.

Instruído o processo disciplinar na Universidade Nova, foi o mesmo
devidamente encaminhado para o Ministério da Educação a quem, como é bom de
ver, competia
uma decisão definitiva sobre o assunto.

Na ocasião era ministro da Educação o Prof. João de Deus Pinheiro.

Ora, o que é facto é que o processo disciplinar instaurado ao Prof. Aníbal
Cavaco Silva, e que conduziria provavelmente ao seu despedimento do cargo de
docente da Universidade Nova, foi andando aos tropeções, de serviço em
serviço e de corredor em corredor, pelos confins do Ministério da
Educação.

Até que, ninguém sabe bem como nem porquê... desapareceu sem deixar rasto...

E até ao dia de hoje nunca mais apareceu.

Dos intervenientes desta história, com um final comprovadamente tão feliz,
sabe-se que entretanto o Prof. Cavaco Silva foi nomeado Primeiro-ministro.

E sabe-se também que o Prof. João de Deus Pinheiro veio mais tarde a ser
nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros de um dos Governos do Prof.Cavaco
Silva, sem que tivesse constituído impedimento a tal nomeação o seu anterior
desempenho, tido geralmente como medíocre, à frente do Ministério da
Educação.

Do mesmo modo, o seu desempenho como ministro dos Negócios Estrangeiros,
pejado de erros e sucessivas 'gafes', a tal ponto de ser ultrapassado em
competência e protagonismo por um dos seus jovens secretários de Estado, de
nome José Manuel Durão Barroso, não constituiu impedimento para que o
Primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva viesse mais tarde a guindar João de
Deus Pinheiro para o cargo de Comissário Europeu.

De qualquer modo, e como é bom de ver, também não foi o desempenho do Prof.
João de Deus Pinheiro como Comissário Europeu, sempre pejado de incidentes e
críticas, e de quem se dizia que andava por Bruxelas a jogar golfe e pouco
mais, que impediu mais tarde o Primeiro-ministro Cavaco Silva de o
reconduzir
no cargo.

A amizade é, de facto, uma coisa muito bonita...e é amador, que sucederia se
fosse um ...profissional da política!